O CANTO DOURADO
O Capitalismo e a(s) Religião(ões)
Praça da Sé, São Paulo.
A idéia inicial era contrapor o trabalho com as manifestações religiosas mais presentes na Praça da Sé, a Católica e a Evangélica. O problema é que o espaço que normalmente abriga os Pregadores Evangélicos estava ocupado por um presépio.
Então depois de fazer as imagens com a Catedral, resolvemos mudar o trabalho de lugar.
Depois de um breve bate-boca o Pregador acalmou o rebanho dizendo que
aquilo era uma manifestação artística e que não havia problema em ficar
ali.
Enquanto
fazia umas imagens, o moço de camisa vermelha abordou perguntando que
tipo de arte era aquela. Respondemos que era uma arte para propor uma
reflexão sobre um determinado tema, no caso a religião.
O moço se deu por satisfeito sorriu e voltou a ouvir o Pregador.
E durante algum tempo Arte e a Religião dividiram o mesmo espaço.
Então fomos na direção da Bolsa de Valores de São Paulo. Centro nervoso do capitalismo.
Colocamos
o trabalho, gravamos, fotografamos, ficamos parados
na frente e por não causar nenhum prejuízo material ninguém veio nos
incomodar. (o capitalismo não é bem assim mesmo? pode fazer o que
quiser, passeata, falar mal, jogar ovos, matar e tudo mais. Só não pode
mexer no lucro, aí o bicho pega prá valer!!!)
Mudamos o lugar porque achamos percebemos que as pessoas olham muito pouco na direção da lixeira e o trabalho foi parar alguns metros adiante.
Depois
de aproximadamente meia hora voltamos até a Sé e percebemos que alguém
com dificuldade em conviver com democracia tomou uma atitude que não dá
prá afirmar se foi individual ou de grupo mas o
confronto de idéias, que no nosso entendimento produz a riqueza do
pensamento humano não foi tolerado nesta intervenção. O ponto nevrálgico da religião é bem mais sensível que o do capital.
Difícil falar sobre esta intervenção porque num dado momento chegamos
perto demais da jaula e, obviamente, a fera se manifestou. Reconhecemos que a proximidade soou como provocação mas também não comungamos com a idéia que um espaço público seja privatizado e não possa abrigar formas antagônicas de pensar.
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